17/6/2009 - O Estado de São Paulo / Ag. Estado / BBC Brasil
Segundo jornal, regulamentação restritiva do sistema financeiro trouxe vantagens ao Brasil.
O fraudulento esquema montado pelo banqueiro americano Bernard Madoff jamais teria ocorrido no Brasil por causa das regulamentações restritivas no sistema financeiro no país, segundo a edição desta quarta-feira do diário britânico Financial Times,
O jornal diz a que as operações de Madoff - que admitiu culpa por fraudes no valor de US$ 50 bilhões - "não decolariam", porque as autoridades mantêm um sistema regulador que prevê que os investidores prestem contas de todos os investimentos de seus clientes.
O Financial Times cita as regulamentações restritivas no sistema financeiro e o ritmo lento de mudanças do Brasil para explicar como o país conseguiu evitar o pior da crise, e aponta os dois fatores como exemplos a serem seguidos por outros países.
Mas o jornal afirma que nem todos os aspectos positivos desta regulamentação foram intencionais. "Alguns são resultado da demora em modernizar nos anos anteriores à crise. Mas muitos agora são vistos como lições a se oferecer".
De acordo com o diretor de regulamentação do Banco Central, Alexandre Tombini, citado pelo FT, "o Brasil passou por vários períodos de severa volatilidade nas últimas décadas, mas se tornou mais estável desde que a inflação foi conquistada, nos anos 90".
Tombino, afirma o diário, é um dos representantes brasileiros nas reuniões do Fórum de Estabilidade Financeira e do Banco de Compensações Internacionais, na Basiléia, que discutem regulamentação e supervisão do sistema financeiro.
Segundo Tombini, o Banco Central está acostumado a lidar com ambientes difíceis e todas as decisões sobre regulamentação tomadas desde meados dos anos 90 têm sido mais cautelosas.
O FT cita como exemplo a exigência de uma proporção de capital em relação aos ativos de pelo menos 11% no Brasil - sendo que a na maioria dos países, segundo o jornal, a proporação é de 8%.
O diário ainda cita o depósito compulsório - que obriga os bancos privados a depositar parte de seus depósitos no Banco Central.
"Muitos países acabaram com esta exigência, mas no Brasil eles correspondem a 30% de todos os depósitos - um nível extraordinariamente alto."
Segundo o FT, esta quantia é questionável e explica porque o custo de empréstimos é tão alto no Brasil, "mas quando a crise financeira estourou no ano passado, o Banco Central do Brasil conseguiu liberar US$ 100 bilhões da noite para o dia, para garantir fundos suficientes para os bancos".
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