quarta-feira, abril 12, 2006

Philips ao pé do ouvido

Eis o novo produto de exportação da filial brasileira: um programa que incentiva os fucionários a denunciar qualquer delito interno

 
Por joaquim castanheira

"Corrupção e suborno. Faça a coisa certa. Um ambiente de trabalho saudável e ético também é de sua responsabilidade. Não deixe que um prejudique todos.” Numa era marcada por CPIs, mensalões e recursos não contabilizados, um cartaz com essa mensagem poderia ser fixado nas divisórias de uma repartição pública ou em gabinetes do Congresso Nacional. Mas não. O aviso decora paredes de fábricas e escritórios da Philips, a gigante holandesa dos eletroeletrônicos. Trata-se da peça central do One Philips Ethics Line, um programa que incentiva a denúncia de fraudes, assédio sexual, roubos ou qualquer prática que fira o código de ética da organização. “Não buscamos apenas uma atitude punitiva. Queremos também corrigir possíveis brechas ou omissões nas políticas e regulamentos internos”, afirma Ricardo Turra, principal executivo de auditoria da divisão Medical Systems no mundo.

Problemas desse tipo ocorrem em qualquer organização de qualquer parte do planeta. A maioria prefere fechar os olhos. Quando tentam enfrentá-lo, esbarram no próprio medo de uma possível repercussão pública. Com o Ethics Line, a Philips quebra o tabu. Espécime raro no universo empresarial, o programa nasceu no Brasil pelas mãos de um brasileiro. E logo rompeu fronteiras. Primeiro, foi estendido para outros países da América Latina. Neste mês, está sendo implantado nas unidades da divisão de Medical Systems, onde trabalham 62 mil pessoas. Finalmente, até meados de 2006, estará ao alcance de todos os 166 mil funcionários do grupo Philips, presentes em 62 países. “O programa chega à maioridade”, diz Turra.

Aos 38 anos, gaúcho de Santa Rosa, Turra é o “pai” do Ethics Line. Em 2000, quando chegou à filial brasileira da Philips, ele encontrou o embrião do que seria o Ethics Line. “Já tínhamos um código de conduta e canais para denúncias, como correio eletrônico e linhas telefônicas com secretária eletrônica”, conta ele. O problema: não funcionava. Nem sempre o denunciante fornecia informações suficientes sequer para o pontapé inicial em uma investigação. Mais: os funcionários temiam ser identificados - e o risco realmente existia. Diante dessa constatação, Turra desenhou um programa cujos principais atributos fossem a clareza e o sigilo das informações e o anonimato do denunciante. Em vez de correio eletrônico e linhas telefônicas, ele montou uma central de ouvidoria, com atendentes munidos de questionários para cada tipo de assunto e especialmente treinados para a função. Para torná-lo mais isento, o serviço foi entregue a uma empresa terceirizada de call center, localizada nos Estados Unidos. O serviço está disponível 24 horas por dia, sete dias da semana. As denúncias podem ser feitas em 31 idiomas, incluindo até mesmo variações, como o português de Portugal e o do Brasil ou o espanhol da Espanha e o da América Latina. O funcionário só de identifica se quiser.

A denúncia é encaminhada para o compliance officer, um funcionário de cada divisão ou fábrica, responsável pela apuração dos fatos descritos. Só no Brasil, são 53 “detetives”. O relatório preparado por ele, com base na investigação, segue para um comitê revisor que pode reverter a decisão proposta pelo officer. A cada três meses, a cúpula mundial da corporação recebe um balanço do programa e os casos analisados. “A empresa já voltou atrás até mesmo num caso de demissão injusta”, diz Turra. Ainda há muito a avançar.

Por isso, a empresa colocou no ar uma campanha mundial para explicar o programa e incentivar a adesão a ele. A tarefa exigiu que a Grecco Comunicação, responsável pela campanha, estudasse hábitos e percepções de 60 povos, com o objetivo de garantir que a campanha “falasse” com as diferentes culturas. O programa pode trazer resultados significativos para a Philips. Segundo um estudo da Association of Certified Fraud Examiners, com base em 508 casos de fraudes, as companhias que investem em programas como o Ethics Line têm prejuízos médios com fraudes de US$ 56,6 mil ao ano, menos que a metade do rombo registrado em companhias que não adotam esse procedimento

3 comentários:

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