quarta-feira, dezembro 28, 2005

O mundo frenético da Falseta Games

Depoimento 1

"Compro game legal por diversos motivos. Primeiro, porque sei que tem garantia. Não gosto nem de baixar música ilegalmente na internet. É contrabando, é errado. Não vou falar que nunca comprei, mas que é errado é", diz o arquiteto Fernando. "Se copiarem os meus projetos, eu tô ferrado, né?", pondera. Fernando é cada vez mais uma solitária exceção.

Depoimento 2

"Meu filho adora jogos, mas eu não tenho como pagar R$ 100, R$ 200 por um jogo oficial. Aqui custa R$ 10. A diferença é muito grande, não tem nem o que dizer", afirma Pedro Costa, cliente da Falseta Games. Segundo Costa, o filho logo "zera" os jogos que ele lhe dá, e a única forma de repor sem grande custo o lazer eletrônico do garoto é recorrendo ao mercado pirata. "Se não fosse isso, não haveria como o brasileiro jogar isso, não é preço que se pague com o salário que a gente ganha", diz.

(...)

A quatro dias do Natal, a reportagem do Link passou uma hora em cada estabelecimento, o oficial e o clandestino, para medir suas temperaturas comerciais. Descobriu o óbvio: que Papai Noel hoje em dia, no Brasil, usa um tapa-olho e tem perna-de-pau. Natal gordo foi o dos piratas. Repressão? Ao mesmo tempo que o repórter subia a escadaria, dois guardas civis metropolitanos subiam um pouco à frente, inteiramente ambientados ao mercadão.

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Para a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB do AM), coordenadora da Frente de Combate à Pirataria no Brasil, um dos maiores desafios do governo seria “criar uma cultura nacional de rejeição” aos produtos piratas. (...) “Mas o que as pessoas têm de ser informadas é que os grupos que promovem a pirataria são os mesmos que fazem o tráfico de drogas, de armas, de munição. É o crime organizado”, diz.

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Segundo a deputada, outro aspecto importante seria convencer o fabricante a aproximar seus preços da capacidade econômica da população. “Penso que é possível a indústria fazer um esforço, até para dar uma demonstração de boa vontade à sociedade.”


Agora eu: Sempre que vejo essa discussão me vêm a cabeça um depoimento de um artista consagrado, em uma entrevista na MTV... Nela ele é questionado sobre a pirataria de seus CDs... Ele responde: "Na loja o CD custa R$ 35, no camelô chega a custar R$ 5. Logicamente o consumidor pensa 'você acha que meu dinheiro é capim?' ".

Música, da mesma forma que os jogos eletrônicos são descartáveis - a música sucesso hoje vai ser deixada de lado em menos de 1 ano. O jogo eletrônico, sensação da temporada vai ser descartado em horas e não será revisitado tão cedo - a plataforma de jogo muda, as configurações mudam e acaba-se por perder o dinheiro. Quem quer, e pode, queimar cerca de R$ 100 (na melhor das hipóteses) para um jogo que vai durar uma semana. Isso sem imaginar que o jogo pode não funcionar na máquina do usuário - garantia nessas horas não vale muito (por experiência própria).

O excelente texto completo em: http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=5964

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